Se ao olhar para a igreja local, ou para os serviços/ministérios que você desempenha, você se sente fraco e desanimado, essa carta é para você.

Se, ao lançar o mesmo olhar, você se sente capaz de resolver e solucionar todas as coisas, essa carta também é para você.

Na verdade, essa é uma “carta” de Jesus para todos aqueles que ousaram colocar a mão no arado, que se voluntariaram para o trabalho na seara.

No evangelho de Mateus, ao final do capítulo 9, vemos o seguinte relato:

E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades. Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.(Mt 9.35-38).

Vemos aqui Jesus percorrendo as cidades e os povoados para cumprir sua missão: pregar o evangelho do reino. Ou seja, trabalhar, servir! Contudo, diferente de outros contextos e passagens, ao olhar para as multidões e se compadecer, Jesus faz um “diagnóstico” do seu ministério: Ele percebe que “A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos”. 

Diante de tal constatação, Jesus, sim, o próprio Deus em carne, nos dá a “solução”, ou pelo menos o que devemos fazer ao constatar tamanha grandeza do que deve ser feito. Jesus nos convida humildemente à oração, na verdade, a nos entregar tão desesperadamente a oração que iremos rogar: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.

Jesus aqui nos ensina um princípio, se o trabalho é grande, se há muita coisa a se fazer, muitos jovens a serem alcançados, devemos, em oração, rogar ao Pai, para que Ele mesmo envie trabalhadores.

Entretanto, por que, tão poucas vezes, se é que já o fizemos, diante do mesmo cenário nós não temos a mesma atitude? Por que quando percebemos que o trabalho é grande nós ao invés de orarmos, muitas vezes murmuramos, desanimamos, ou até mesmo abandonamos o trabalho?

Diante disso, podemos pensar em pelo menos três pontos:

  1. Talvez eu ache que sou suficiente para o trabalho;
  2. Talvez eu não ache que vá adiantar; e,
  3. Talvez eu não perceba que há muito trabalho.

O primeiro item demonstra orgulho. Acreditamos que somos capazes de fazer tudo! Podemos fazer o que precisa ser feito, consertar o que precisa ser consertado, nós damos conta!

O segundo demonstra apatia. Em parte isso pode surgir do muito labor empreendido, sem contudo ver os frutos. Porém, isso pode denotar apenas o fracasso do primeiro ponto, depois de falhar por não sermos capazes, desanimamos do serviço.

Por último, o terceiro ponto revela nossa cegueira. Ocasionada por um excesso de confiança em si mesmo, ou por uma falta de proximidade ou envolvimento com as “multidões”, acreditamos que está tudo bem.

Basta ter contato com algumas informações para perceber que esse é um grave engano. Não está “tudo bem” em um mundo onde cerca de 3 bilhões de pessoas não têm acesso ao evangelho, aqueles que fazem parte dos quase 7 mil povos considerados não alcançados [1]. Não está “tudo bem” quando 66% dos adolescentes e jovens no nosso país declaram sentir solidão e grave ansiedade [2]. A seara é grande. E pode ser que nem mesmo nos lembremos de orar por necessidades como essas.

Independentemente da situação na qual nos encontrarmos, podemos buscar auxílio e socorro em Jesus. Sua Palavra nos diz que “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1Jo 1.9), não apenas isso, mas Ele também nos convida a aprender Dele, porque é manso e humilde (Mt 11.29).

Após sermos restaurados, renovados pelo perdão e amor de Jesus, o que fazer com a dura realidade de que a seara é grande? Acredito que agora esteja claro: rogar ao Senhor da seara que envie mais trabalhadores. Não confie em você, em sua capacidade ou em seus talentos. Também não se deixe desanimar por não ver os frutos, eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus” (1 Co 3.6). Esse trecho demonstra que nem sempre os veremos. Por fim,  não feche os olhos para a dura realidade de que a seara é grande e nós somos poucos. Ao contrário, vamos nos dedicar à oração, para que o Senhor, o maior interessado na seara, envie trabalhadores para a seara Dele.

Essa carta, pode não parecer, mas é um encorajamento para não confiarmos em nós mesmos nem sermos indiferentes às situações ao nosso redor. É um convite solene à real dependência e confiança em Deus, de modo que Ele supra as necessidades da obra e nos conforte e console nesse árduo trabalho até que Ele venha.

Ele virá, que sejamos encontrados fazendo assim (Mt 24.46).


Fontes:

[1] Joshua Project ; Tarefa inacabada

[2] Pesquisa Cultura da Juventude Global – Relatório Brasil


Colaboração enviada por Gabriel Mota. Envie sua Colaboração para o Eu Vos Escrevi! Para saber como, clique aqui.